Já se passaram seis anos desde a minha primeira NRF – Retail’s Big Show. Naquela época, lembro-me de ouvir atento aos principais CEOs e executivos do varejo americano afirmando que as lojas físicas estavam com os dias contados e que tudo se transformaria em e-commerce (embora não fosse uma opinião unânime, era a visão predominante). Nos anos seguintes, o foco passou a ser a multicanalidade, depois a omnicanalidade e, nos últimos dois anos, a Inteligência Artificial se tornou o grande tema.
A NRF sempre traz as tendências tecnológicas do varejo global, e, como são tendências, nem todas se concretizam no mercado. Ou seja, nem todas as soluções apresentadas na NRF se consolidam, mas as que realmente se firmam no mercado, certamente, passaram por lá em algum momento.
Em 2025, observamos diversos casos de aplicação de IA em áreas como abastecimento de lojas, precificação, auditorias de planograma, motores de recomendação de compra e até agentes de IA que interagem com os colaboradores da loja, analisando dados e imagens em tempo real. Um exemplo que me chamou a atenção foi um aplicativo capaz de filmar a gôndola e, em tempo real, identificar quais produtos estão faltando, com preços incorretos ou fora do planograma estabelecido.
Outro ponto muito discutido foi como as gerações interagem de formas distintas com a tecnologia e como o uso de IA tem crescido exponencialmente. Hoje, já temos várias ferramentas de IA acessíveis no nosso cotidiano, seja para criar apresentações em PPT, resumir textos ou até como assistentes virtuais que ajudam a controlar nossa agenda de trabalho. No entanto, para que essa tecnologia seja realmente aproveitada, precisamos incentivar que nossas equipes busquem soluções baseadas em IA, acelerando sua adoção no dia a dia da empresa.
Uma coisa é certa: a tecnologia nunca substituirá as boas lojas físicas, apenas as mal executadas. No entanto, independentemente da tecnologia adotada, é fundamental manter os pés no chão e garantir que o básico seja bem feito. O cliente gosta de novidades, mas não adianta disponibilizar um super aplicativo que recomenda os melhores produtos com base em seu gosto, se, ao chegar na gôndola, ele não encontra o produto ou o encontra com o preço errado.
Dominar a IA a longo prazo será, sem dúvida, um fator determinante para o sucesso. Contudo, não podemos perder o foco nas expectativas do cliente e em como atendê-las de acordo com a nossa proposta de valor. Se conseguirmos incorporar IA para aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir custos, será ainda melhor.
Devemos estar sempre atentos às novidades, mas, principalmente, ser racionais quanto ao uso e à alocação de recursos.
Alexandre de Quadros
Diretor Geral do Grupo Koch