Flexibilidade e inovação: os desafios do varejo supermercadista

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Entrevista com Alexandre Simioni, presidente da Acats, reeleito para a gestão 2025/2026.

Sob sua liderança, quais foram os principais avanços alcançados pela Acats na gestão que se encerra?

Alexandre Simioni: Desde o início, um dos objetivos era melhorar a visibilidade da Acats, uma entidade extremamente representativa e com papel fundamental na economia, no impacto social e na geração de empregos. Apesar de sua importância, a Acats não tinha uma visibilidade condizente. Evoluímos muito nessa questão, com melhorias na comunicação, nos materiais e em toda a estrutura interna.

Outro ponto de destaque foi o investimento no desenvolvimento de lideranças. Entendemos que, com lideranças preparadas, conseguimos resultados melhores. Trabalhamos nisso por meio de encontros regionais em todas as regiões do estado, oferecendo palestras, workshops e outras iniciativas como o Plano de Desenvolvimento Gerencial. A adesão foi excelente, com grande participação dos associados.

A Acats tem se consolidado como uma entidade que valoriza não apenas a excelência operacional, mas também o fortalecimento de seus associados e lideranças, criando oportunidades e promovendo o desenvolvimento do setor como um todo.

Qual você acredita que será o maior desafio da próxima gestão, o que é essencial para acompanhar as transformações no setor supermercadista?

Alexandre Simioni: O que entendemos é que precisamos modernizar as relações trabalhistas. O mundo mudou, o comportamento do jovem mudou, e o setor precisa se adaptar a isso. Atualmente, ficamos presos a algumas regras que não atendem às necessidades dos colaboradores e das empresas. Quando falamos em flexibilidade, não significa trabalhar mais ou menos, mas sim adaptar as condições ao perfil de cada pessoa e ao que faz sentido para a operação.

Por exemplo, há colaboradores que preferem trabalhar nos finais de semana, enquanto outros valorizam horários reduzidos durante a semana. Esses arranjos precisam ser respeitados, e a legislação deve acompanhar essas mudanças. Isso beneficia tanto os trabalhadores quanto as empresas.

Você mencionou que flexibilidade é um dos maiores desafios do setor. Poderia aprofundar esse ponto?

Alexandre Simioni: Sem dúvida. A falta de flexibilidade é uma das nossas maiores dificuldades atualmente. Precisamos de políticas que reconheçam a realidade do mercado e as mudanças de comportamento dos consumidores e trabalhadores. Já estamos vendo uma transformação significativa no setor varejista, especialmente no varejo, onde tecnologias como o autoatendimento estão em alta nos supermercados e também nos atacarejos.

Hoje, muitas lojas já operam com autoatendimento em setores como padarias e açougues, porque é cada vez mais difícil encontrar operadores para essas funções. Isso é algo que vai se expandir ainda mais, e precisamos estar preparados.

Como você avalia o desempenho do setor supermercadista em um cenário econômico desafiador?

Alexandre Simioni: Estamos alcançando os objetivos traçados, mas não podemos ignorar que o último ano foi bastante desafiador. Tivemos instabilidades nos preços das commodities e oscilações significativas, como o aumento do dólar, que impactaram diretamente o custo de produtos, especialmente as proteínas, como a carne bovina. O consumidor tem migrado para outras opções por conta desses aumentos.

Outro ponto crítico é o impacto dos juros altos. O setor supermercadista é muito voltado para investimentos, e boa parte desses investimentos depende de capital de terceiros, como bancos. Com os juros elevados, uma fatia significativa dos resultados acaba sendo consumida pelo custo do financiamento. Isso não é exclusivo do nosso setor, mas sentimos fortemente os efeitos, já que investir é essencial para mantermos a competitividade.

Qual é a sua visão para o futuro do setor em termos de inovação e liderança?

Alexandre Simioni: A inovação é inevitável e precisa ser incorporada em todas as áreas do varejo. Tecnologias como autoatendimento e checkouts inteligentes estão se tornando cada vez mais presentes. Isso é uma resposta às dificuldades de contratação, mas também uma forma de melhorar a experiência do consumidor.

Além disso, investir em lideranças continuará sendo prioridade. O setor precisa de líderes que estejam alinhados com as tendências globais e preparados para conduzir suas equipes em um ambiente de transformação constante. O futuro exige flexibilidade, inovação e coragem para enfrentar os desafios.

Como Associação, continuaremos oferecendo suporte e promovendo ações que fortaleçam o setor e ajudem nossos associados a se posicionarem de forma competitiva nesse novo cenário.

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